O refluxo gastroesofágico (RGE) caracteriza-se pelo fluxo retrógrado (que volta) e involuntário do conteúdo do estômago para o esôfago. Se uma criança regurgita (ou seja, o leite que ela mamou voltou), isso é um refluxo!
O RGE é reconhecido como fenômeno fisiológico normal, que ocorre ocasionalmente no ser humano, especialmente após as refeições, e é muito frequente em crianças menores de 1 ano.
O RGE fisiológico, também chamado de regurgitação infantil, caracteriza-se por episódios de refluxos, sem qualquer transtorno maior para a saúde da criança.
Normalmente, ocorrem em pequenos que, além das regurgitações, não apresentam nenhum sinal de agravo à saúde e nenhuma consequência negativa ao seu desenvolvimento (perda de peso, anemia, dor, chiado no peito, tosse crônica, falta de ar, engasgos, etc).
A tendência é de melhora até os 12 meses (no máximo 18). Nesse caso, inclusive, não há a necessidade de exames!
Hoje existe uma grande preocupação com a excessiva solicitação de exames, assim como o volume de prescrições médicas ou mudanças de dieta para as crianças que regurgitam. Se o pequeno não é conduzido de forma adequada (supervalorização ou subvalorização do diagnóstico), isso pode trazer prejuízo à sua saúde.
O refluxo gastroesofágico, quando associado a sinais e sintomas que interferem na qualidade de vida da criança, é denominado Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) e merece a sua atenção.
Esse quadro pode estar relacionado a: engasgos, irritabilidade, recusa alimentar, hemorragia digestiva, cianose, apneia, pneumonias de repetição, chiado, asma, rouquidão, anemia etc.
Quando a DRGE é diagnosticada, o próximo passo é determinar se ela é primária (sem doença ou causa subjacente), ou secundária (quando ocorre como consequência de outra doença como, por exemplo, a alergia ao leite, a má-formação, uma infecção etc).
As crianças com RGE devem ser acompanhadas durante toda a infância, pois embora parte delas irá cessar os sintomas, outras continuarão com os mesmos, ou ainda apresentarão outras alterações clínicas associadas ao refluxo.
Quanto ao tratamento, é importante ressaltar que o RGE não vai “curar”, mas sim ser controlado para evitar as complicações. Inclusive, ele só deve ser considerado quando compromete a qualidade de vida do bebê (doença do refluxo e não apenas refluxo fisiológico).
Existem bebês que regurgitam de 10-15 x ao dia, felizes, sem desconforto e não choram excessivamente. Existem, também, bebês que quase não regurgitam e que possuem muitos outros sintomas tão estressantes quanto.
Neste último grupo, devemos ter muito cuidado na avaliação, já que muitas vezes os sintomas não são relacionados ao refluxo.
O tratamento é dividido em medidas posturais, dietéticas e tratamento medicamentoso:
O refluxo é considerado uma doença (refluxo patológico ou doença do refluxo gastroesofágico) quando apresentar impacto na qualidade de vida da criança. Isso ocorre por meio de repercussões clínicas como: déficit do crescimento e peso, dor abdominal, irritabilidade, recusa alimentar, hemorragias digestivas, chiado no peito, tosse crônica, pneumonias de repetição ou complicações relacionadas ao nariz, ouvido, seios da face e garganta.
A distinção entre refluxo fisiológico e patológico exige habilidade no diagnóstico e atenção na escolha do tratamento mais adequado a cada caso. Além disso, deve ser sempre avaliado pelo seu pediatra em uma consulta longa e detalhada.
Entre as crianças que apresentam regurgitações com frequência preocupante para os pais, apenas 2% necessitarão de investigação!
Nas primeiras semanas de vida, muitos bebês regurgitam uma ou mais vezes por dia, pouco tempo após a alimentação. A regurgitação fisiológica comum ocorre quando a criança não apresenta outros sintomas, a evolução do ganho de peso é normal e o quadro se diminui gradativamente. O normal é que ele cesse completamente por volta dos 7 a 8 meses, tendo seu auge entre o 3º e o 4º.
A abordagem diagnóstica do lactente com queixa de regurgitações frequentes deve ser realizada, inicialmente, verificando-se a experiência materna com a alimentação do bebê.
Em seguida, procura-se identificar, pela história e observação da amamentação da criança durante a consulta, se as seguintes situações, que podem causar regurgitação e vômitos, estão presentes:
Durante os primeiros seis meses de vida, a criança respira durante a sucção e, consequentemente, ocorre preenchimento da orofaringe com ar, o qual é levado junto ao alimento para o esôfago e estômago.
Esse fato explica a necessidade da criança de arrotar, sendo necessário mantê-la na posição vertical por alguns minutos após as mamadas.
Se a criança é deitada imediatamente após ter mamado, a expulsão do ar por meio do arroto pode causar regurgitação do leite. Esse padrão geralmente cessa a partir dos seis meses, quando a respiração e a sucção passam a ocorrer de forma alternada.
No entanto, o motivo principal de colocar a criança em pé após as mamadas é facilitar o esvaziamento do estômago. Assim, mesmo quando o pequeno arrota rapidamente, o ideal é deixá-lo um tempo em pé.
Não existem tipos de refluxo, mas sim uma classificação que busca nos orientar quanto às diversas manifestações clínicas e seus prognósticos.
Também conhecido como “regurgitação infantil”, o refluxo fisiológico (normal) é mais comum nos primeiros meses de vida.
As regurgitações pós-alimentares apresentam resolução espontânea, na maioria dos casos, até os dois anos. O crescimento da criança é normal, e não há outros sintomas ou complicações associadas.
A frequência das regurgitações diminui após seis meses, coincidindo com a introdução de dieta sólida (sopinhas) e adoção de postura corporal mais ereta (mais assentadinha) pela criança.
Suspeita-se de refluxo patológico quando os vômitos e regurgitações persistem de modo significativo após os seis meses quando:
Este termo está em desuso e é incorreto. Contudo, ganhou as redes sociais para explicar as crianças que choram muito sem sabermos do quê se trata! Não se sabe o que é, e nem se é culpa o refluxo, até mesmo quando o bebê não regurgita.
O refluxo seria denominado oculto quando manifestações respiratórias, otorrinolaringológicas ou indicativas de esofagite ocorressem na ausência de vômitos e regurgitações.
No bebê menor de 1 ano, para haver doença do refluxo, devem ocorrer regurgitações e/ou vômitos.
Resulta da disfunção entre a união do esôfago com o estômago, facilitando as regurgitações e vômitos, sem nenhuma doença que o provoque.
O refluxo secundário ocorre como consequência de outras doenças como, por exemplo:
Dependendo da idade do início dos sintomas, o refluxo pode ter vários significados e cursos clínicos distintos.
Em lactentes (até os 2 anos) a suspeita de inflamação no esôfago (esofagite) ocorre quando há choro excessivo, irritabilidade, distúrbios do sono, agitação e recusa da dieta (a criança passa a ter medo de se alimentar e sentir dor).
A criança maior pode queixar-se de queimação sobre o estômago, dor no peito, dor abdominal, dor durante a alimentação e excesso de salivação.
O refluxo tem sido associado, ainda, a vários outros acontecimentos na vida da criança, como morte súbita do lactente, soluços, rouquidão e erosão dentária.
Como pode ser constatado, somente o médico poderá fazer o diagnóstico diferencial entre tantas condições clínicas apresentadas pela criança que vomita.
Somente os lactentes e crianças que apresentam sinais e sintomas clínicos sugestivos de complicações de refluxo gastroesofágico poderão ser submetidos à investigação diagnóstica.
Geralmente, não é necessária a realização de exames. Apenas por meio de uma consulta detalhada e cuidadosa, e um exame físico completo, é possível estabelecer o tratamento mais adequado para o seu filho.
Não existe um único exame que possa confirmar o diagnóstico de Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE). Na maioria das vezes, eles são complementares.
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