Seletividade Alimentar no Autismo: Por Que Acontece e Como Ajudar a Criança com TEA

O que é seletividade alimentar no autismo?

A seletividade alimentar no autismo é uma das dificuldades sensoriais e comportamentais mais comuns entre crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ela se caracteriza pela recusa persistente de certos alimentos, baseando-se na cor, textura, cheiro, temperatura, formato ou até forma de apresentação da comida.


Por que a seletividade alimentar é tão comum em crianças com autismo?

Existem vários fatores que explicam por que as crianças autistas podem ter uma alimentação extremamente restrita. Os principais são:

  1. Hipersensibilidade sensorial

Crianças com TEA podem apresentar reações intensas a estímulos táteis, gustativos, olfativos e visuais. Isso faz com que alimentos com determinada textura (como grãos, cascas, cremosidade) ou cheiro provoquem desconforto real.

 

  1. Rigidez comportamental

A tendência ao apego a rotinas e à previsibilidade também se manifesta na alimentação. A criança pode comer sempre os mesmos alimentos, preparados da mesma maneira, no mesmo prato e até na mesma posição à mesa.

 

  1. Associação negativa

Uma experiência ruim com um alimento (como engasgar ou passar mal) pode fazer com que ele seja rejeitado permanentemente, mesmo após muito tempo.

 

  1. Déficits de comunicação

Crianças não verbais ou com comunicação limitada podem demonstrar suas dificuldades alimentares por meio de comportamentos como crises, choro, empurrar o prato ou simplesmente não comer.


Quais são os sinais de seletividade alimentar no TEA?

 

– Aceitação de apenas 5 a 10 alimentos  

– Preferência por alimentos de uma mesma cor ou textura  

– Recusa total de grupos alimentares (como frutas, vegetais ou proteínas)  

– Rejeição de alimentos misturados (ex: arroz com feijão)  

– Crises ou resistência na hora das refeições  

– Refeições apenas com determinados utensílios ou marcas específicas  

 

Quais os riscos da seletividade alimentar?

 

A seletividade alimentar pode levar a:

  • Deficiências nutricionais(ferro, cálcio, fibras, vitaminas)  
  • Problemas gastrointestinais(constipação, refluxo)  
  • Queda de imunidade  
  • Dificuldades no crescimento e desenvolvimento  
  • Estresse familiar durante as refeições  

 

Como ajudar uma criança com seletividade alimentar?

  1. Crie uma rotina alimentar estruturada
    • Horários definidos para refeições e lanches  
    • Ambiente tranquilo e sem distrações  
    • Evite forçar ou punir — isso gera resistência

 

  1. Faça exposições gradativas
    • Apresente o alimento novo visualmente antes de colocar no prato  
    • Permita que a criança toque e explore o alimento sem obrigação de comer  
    • Use o método de dessensibilização alimentar, aumentando o contato de forma progressiva

 

  1. Varie a apresentação dos alimentos
    • Altere o formato (cubinhos, palitos, purê, panqueca)  
    • Use moldes divertidos ou pratinhos temáticos  
    • Misture alimentos já aceitos com os novos, mantendo sempre uma parte “segura”

 

  1. Trabalhe com profissionais especializados
    • Nutricionista infantil ou comportamental para ajustar o cardápio e suplementar quando necessário  
    • Terapeuta ocupacional com enfoque em integração sensorial  
    • Fonoaudiólogo e psicólogo podem ajudar na comunicação e resistência comportamental

 

O que não fazer:

🚫 Não force a criança a comer  

🚫 Não use comida como punição ou recompensa  

🚫 Não compare com irmãos ou outras crianças  

🚫 Evite substituir todas as refeições por alimentos ultraprocessados apenas para “não deixá-la com fome”

 

A seletividade alimentar pode melhorar?

Sim! Com intervenção precoce, estratégias consistentes e apoio profissional, a grande maioria das crianças com autismo melhora a aceitação alimentar. O processo pode ser lento, mas cada avanço deve ser valorizado.

 

Conclusão

A seletividade alimentar no autismo é mais do que uma “manha” ou “fase”— é um desafio real, que precisa de olhar clínico, paciência e apoio multidisciplinar.

Quanto mais cedo for identificada e tratada, menores serão os impactos nutricionais e emocionais.

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