Atualmente, a obesidade é um dos problemas mais graves de saúde pública, tanto na vida adulta quanto na infância e na adolescência. Devido ao crescimento acentuado de sua prevalência nas últimas décadas, é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma epidemia global. Além disso, crianças obesas freqüentemente se tornam adolescentes e adultos obesos com sérios riscos para a saúde.
Dados do IBGE de 2002-2003 mostraram um aumento considerável na proporção dos adolescentes brasileiros com excesso de peso: em 1974-75, estavam acima do peso 3,9% dos meninos e 7,5% das meninas entre 10 e 19 anos; já em 2002-03, os percentuais encontrados foram 18,0% e 15,4%, respectivamente.
A obesidade pode ser conceituada como um acúmulo corporal de tecido adiposo, por um balanço energético positivo, geralmente devido à ingestão calórica excessiva, associada ao gasto insuficiente de energia. O cálculo do índice de massa corporal (IMC) oferece uma medida razoável para avaliação de obesidade em crianças e adolescentes. Crianças e adolescentes com IMC superior ao percentil 95 para idade e sexo são classificadas como “obesas”. A categoria “sobrepeso” é reservada para aqueles com percentil de IMC entre 85 e 95.
Para o cálculo do IMC, deve-se dividir o peso (em Kg) pelo quadrado da altura (em metro). Para a identificação das crianças e adolescentes com sobrepeso ou obesidade, devem-se utilizar gráficos de IMC apropriados. Clique aqui para baixar os gráficos de IMC para idade e sexo desenvolvidos pela OMS.
A obesidade está fortemente associada à hipertensão arterial, dislipidemia, intolerância à glicose e marcadores de inflamação crônica, levando a um aumento de fatores de risco cardiovascular, piora da qualidade de vida, e aumento do índice de mortalidade no adulto.
É de grande importância para prevenção da obesidade infantil, promover um ambiente saudável, tanto domiciliar como escolar, com opções de recreação e psicologicamente propício à prática de atividades físicas.
Há evidências que a obesidade infantil tem, muitas vezes, sua origem no ambiente intra-uterino. Esse, quando adverso, com o conseqüente atraso do crescimento fetal, influencia o acúmulo posterior de gordura e, dessa forma, o desenvolvimento de complicações relacionadas à obesidade. O rápido acúmulo de gordura, nos primeiros anos de vida (especialmente nos primeiros meses), está associado ao desenvolvimento da síndrome metabólica na idade adulta, que se caracteriza pela detecção concomitante de adiposidade abdominal, dislipidemia, hipertensão arterial e intolerância à glicose.
Por outro lado, os filhos de mãe obesas (sem diabetes gestacional), classificados como grandes para a idade gestacional, também têm maior risco de obesidade futura e síndrome metabólica.
Ainda que raras, as causas endócrinas devem ser pesquisadas quando, além de obesidade, houver sinais clínicos sugestivos de algum distúrbio hormonal, como baixa estatura, fraqueza muscular, estrias violáceas, etc.
Em síntese, a obesidade infantil é o resultado final da influência de fatores ambientais e comportamentais em indivíduos geneticamente susceptíveis.
As mudanças na quantidade e na qualidade da alimentação, além da drástica redução da atividade física são os principais fatores responsáveis pelo aumento da prevalência da obesidade em crianças e adolescentes nos últimos 35 anos.
As conseqüências da obesidade incluem dislipidemia, hipertensão arterial, problemas ortopédicos, baixa auto-estima, intolerância à glicose ou até o início precoce do diabetes mellitus tipo 2. Freqüentemente, crianças e adolescentes obesos se tornam adultos obesos, com a manutenção dos riscos de doenças metabólicas e cardiovasculares.
Fonte: Clínica Mon petit