Como é feito o diagnóstico da dislexia?
A leitura é uma habilidade muito complexa que envolve a participação de várias estruturas cerebrais. Para que ela ocorra é necessário o processamento dos símbolos gráficos (visão), conversão grafema-fonema, entendimento do significado e também manter uma atenção sustentada.
O diagnóstico da dislexia é clínico e deve ser realizado por uma equipe multiprofissional. Nenhum profissional é capaz de realizar sozinho o diagnóstico de dislexia.
Na realização do diagnóstico deve-se utilizar procedimentos que possibilitem determinar o nível funcional da leitura, a extensão da deficiência, seu potencial e capacidade. O fonoaudiólogo utiliza uma bateria de testes e jogos de palavras reais e inventadas.
Uma intervenção bem sucedida depende de uma avaliação criteriosa e multidisciplinar (neurologia, fonoaudiologia, psicologia, pedagogia ou psicopedagogia, oftalmologia, otorrinolaringologia). Outros fatores deverão ser descartados, como problemas afetivos anteriores ao fracasso escolar, déficit intelectual, deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais congênitas e adquiridas.
Alguns aspectos devem ser observados para se realizar o diagnóstico de dislexia:
- Histórico familiar de dislexia;
- História de prematuridade e baixo peso ao nascimento
- Lentidão ou anormalidade no desenvolvimento da linguagem oral. A dificuldade de discriminação fonológica leva a criança a pronunciar as palavras de maneira errada. Essas crianças podem expressar um alto nível de inteligência, entendendo tudo o que ouvem. Portanto, sua dificuldade não se refere à identificação do significado da palavra inteira, mas da percepção das partes sonoras que compõem as palavras.
- Prejuízo na lateralidade, confusão entre direita e esquerda
- Leitura lenta e silabada, erros na leitura oral, como omissões, substituições, distorções ou adições de palavras ou partes de palavras, vacilações, inversões de palavras em frases ou de letras dentro de palavras.
- Dificuldade para compreender o texto lido, incapacidade de recordar o que foi lido, dificuldade de extrair conclusões ou fazer inferências, compreende a idéia principal, mas não recorda os detalhes do texto.
- Pânico de ler em voz alta diante da turma, por outro lado tem bom desempenho em testes orais; dificuldade em soletrar;
- Alterações da escrita: disgrafia (alteração do traçado) e disortografia (erros ortográficos). Escrita muitas vezes incompreensível, dificuldade na execução da letra cursiva, confusões de letras semelhantes com orientação espacial diferente (b/d); troca b/p, t/d, f/v; dificuldades com rimas; substituições de palavras com estruturas semelhantes; fragmentação incorreta das palavras em frases (ex: eu fuijo gar bola com minhapri ma).
Quanto ao tratamento, somente uma abordagem multiprofissional, que envolva a família, a escola e a criança, pode fazer com que as dificuldades cognitivo-lingüísticas da criança sejam superadas. O objetivo é desenvolver estratégias que possibilitem a melhora nas tarefas escolares que exigem leitura e escrita.
Fonte: Clínica Mon petit