Quando as crianças nascem, são classificadas na maternidade com base no seu peso e estatura de acordo com a idade gestacional. Tal classificação permite identificar recém-nascidos com maior risco de complicações neonatais imediatas, como hipoglicemia, icterícia, infecções, etc.
Nos últimos anos, o avanço dos cuidados neonatais tem permitido uma maior sobrevivência de crianças nascidas prematuras e com baixo peso. Estima-se que cerca de 3% das crianças nascidas vivas sejam pequenas para a idade gestacional (PIG). Dessas, a grande maioria efetua um crescimento de recuperação (catch up) antes dos 2 anos de idade. No entanto, sem nenhum tratamento, aproximadamente 10% dos bebês PIG permanecerão baixos, formando uma grande parcela dos adultos (cerca de 20%) com estatura inferior ao percentil 3 em relação à população de referência.
As crianças nascidas PIG podem ainda apresentar um maior risco de alterações da composição corporal, da puberdade, atraso do desenvolvimento neuro-motor e transtornos da aprendizagem, pubarca prematura, hiperandrogenismo ovárico e desenvolvimento da síndrome metabólica.
Dessa forma, o acompanhamento do seu crescimento e desenvolvimento torna-se peça fundamental para a detecção das crianças sob maior risco de problemas associados à prematuridade e ao baixo peso ao nascer e então para uma intervenção médica precoce, por medidas preventivas ou terapêuticas.
O pediatra desempenha um importante papel no acompanhamento dessas crianças. Ele é o profissional habilitado para a identificação precoce e tratamento dos distúrbios do crescimento, da puberdade e do metabolismo glicêmico que essas crianças muitas vezes apresentam.
O hormônio de crescimento humano (GH) é classicamente administrado na infância para o tratamento da baixa estatura relacionada à deficiência de GH, Síndrome de Turner e insuficiência renal crônica. O emprego do GH para aumentar a estatura de crianças nascidas PIG foi recentemente aprovado nos Estados Unidos, em 2001, e na Europa, em 2003.
Os objetivos do tratamento das crianças PIG com GH são de recuperar seu crescimento o mais cedo possível, a manutenção do crescimento normal na infância e adolescência e adquirir uma estatura adulta dentro da normalidade, reduzindo o risco de alterações psicológicas secundárias a uma altura patológica.
O acompanhamento do tratamento com GH das crianças nascidas PIG deve ser feito exclusivamente pelo especialista em Endocrinologia Pediátrica, pois envolve a avaliação rigorosa do crescimento, dosagens hormonais periódicas e, freqüentemente, a mudança de dose do GH.
Para se classificar as crianças de acordo com o peso e comprimento para a idade gestacional, deve-se usar gráficos apropriados. As curvas de Usher & McLean, de 1969, são as mais utilizadas no Brasil, assim como em vários países. As crianças são consideradas PIG quando seu peso e/ou comprimento estão abaixo do percentil 3, ou seja, menos 2 desvios-padrão (DP).
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Fonte: Clínica Mon petit