Terapia Alimentar em Crianças e Adolescentes com TARE (Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo)

Introdução

O Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE), também conhecido como ARFID (sigla em inglês), é um distúrbio alimentar grave que afeta crianças e adolescentes, caracterizado por uma recusa alimentar extrema — muito além da simples seletividade comum na infância.

Esse transtorno pode trazer sérios riscos nutricionais, emocionais e sociais, e requer uma abordagem terapêutica multidisciplinar, com foco em nutrição, comportamento, saúde mental e sensorialidade.

O que é TARE?

TARE é um transtorno que envolve:

  • Recusa persistente de alimentos
  • Medo intenso de engasgar, vomitar ou experimentar novos alimentos
  • Falta de interesse em comer
  • Aversão a texturas, cores ou cheiros específicos

Diferente de outros transtornos alimentares, como anorexia e bulimia, não há preocupação com peso ou imagem corporal.

Impactos do TARE na Infância e Adolescência

Crianças e adolescentes com TARE podem:

  • Ter perda de peso ou dificuldade em ganhar peso
  • Apresentar deficiências nutricionais (ferro, zinco, proteínas, vitaminas)
  • Evitar situações sociais que envolvem comida (festas, escola, viagens)
  • Sentir ansiedade extrema ao redor da alimentação

Terapia Alimentar no TARE: Como Funciona?

A terapia alimentar é o pilar do tratamento e deve ser feita por uma equipe especializada. Envolve:

Avaliação Multidisciplinar

  • Nutricionista pediátrico: Avalia a ingestão, deficiências e monta plano nutricional individualizado
  • Psicólogo ou psiquiatra infantil: Trabalha ansiedade, fobias e reforço positivo
  • Terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo: Tratam distúrbios sensoriais e motores orais

Técnicas Comuns

  • Dessensibilização gradual: Exposição progressiva a novos alimentos
  • Food Chaining: Introdução de alimentos semelhantes aos aceitos
  • Terapia cognitivo-comportamental (TCC): Para tratar medos e crenças alimentares
  • Integração sensorial alimentar: Trabalha com texturas, cheiros e estímulos orais

Diferença entre TARE e Seletividade Alimentar

Característica Seletividade Alimentar Comum TARE (Transtorno Restritivo)
Número de alimentos aceitos 15 a 30 Menos de 10 (às vezes só 2-3)
Ansiedade associada Leve ou ausente Intensa, com crises
Desenvolvimento físico Normal Prejuízo no crescimento e peso
Impacto social Mínimo Evita festas, restaurantes, escola

Frases comuns de crianças com TARE

  • “Tenho medo de engasgar.”
  • “Não consigo engolir, me dá aflição.”
  • “Sinto ânsia só de ver esse alimento.”
  • “Prefiro não comer do que experimentar.”

Essas falas são sinais de alerta. Pais e cuidadores devem levar essas queixas a sério.

 O que os pais podem fazer?

  • Evite forçar a alimentação
  • Crie um ambiente calmo e sem pressão
  • Celebre pequenos avanços (como tocar na comida)
  • Busque ajuda especializada o quanto antes

Importância do Apoio Familiar

A família deve ser orientada a entender o transtorno como um quadro clínico real, e não como “frescura” ou “birra”. A empatia e a constância são essenciais no processo de reeducação alimentar.

Quando procurar ajuda profissional?

Se a criança ou adolescente:

  • Aceita pouquíssimos alimentos
  • Tem medo ou recusa forte de comer
  • Perdeu peso ou não está crescendo
  • Evita situações sociais por causa da alimentação
  • Chora, entra em pânico ou vomita ao experimentar comida

Conclusão

O TARE é um transtorno alimentar sério e crescente entre crianças e adolescentes, mas com tratamento especializado e apoio familiar, é possível reverter o quadro e reconstruir uma relação saudável com a alimentação. A terapia alimentar é o caminho mais eficaz para devolver à criança segurança, nutrição e qualidade de vida.

 

Posso ajudar?